D.Sebastião
Falo sozinha,
E comigo própria.
Perguntando-me como estou,
E ouvindo a minha voz em eco.
Escarneço daquela sensação
Da cura sem doença
Ou da doença sem a cura,
Que distingue o alivio da descrença.
Sorrio sozinha,
E comigo própria,
Chorando nas entrelinhas,
Aquelas lágrimas não ditas,
Não sentidas,
Não queridas,
Não porra nenhuma.
Acredito no amor próprio,
Que de próprio tem muito pouco,
Dado o valor que damos aos interesses alheios,
Alheios, sim,
Da nossa vontade ou paciência.
Creio também na bondade humana,
Que de humana só o nome,
Dado a inteligência de quem recebe,
Sem nunca ter dado uma gota,
De suor,
De lágrimas,
(Ou até do tal amor próprio que de próprio de
nada tem)
A outro.
Oh como penso,
Como sinto,
Falo,
E até danço!
Com aqueles pensamentos arrojados,
De pleno sexo,
Ah perdão,
Século XXI.
Então,
Eu sozinha e comigo própria,
(Não fosse a tal bondade humana),
Sorrio e choro,
As malfadadas vitórias das derrotas,
Mal amadas e esquecidas,
Entre almofadas e edredãos
Estendidos ou amarrotados,
Em certas camas.
Ah e a tequila?
Essa sim,
Companheira das minhas noites,
De mim sozinha comigo própria.
(Queria eu)
Mas não.
(O meu pensamento está com ela, porém)
Dizem que o amor é fodido,
Ou assim eu li, acreditei e assinei por baixo.
Ainda mais,
Acrescentaram que o amor era dorido.
Dor?
Alguma vez?
Neste mundo de amores próprios e bondades
humanas?
O amor é belo.
O meu,
O teu,
O deles,
O dos outros...
E de mais alguns,
Que não me lembro,
Tampouco importam.
A beleza contudo é relativa,
Não fosse o seu mal empregue uso,
Neste mundo de amores fodidos,
Ou fodidos de amor.
Tenho de me rir (chorando),
Pensando então nas histórias de cama,
Ditas assim a meio tom,
Antes,
Durante,
E depois.
Queria eu ter a tequila agora.
Arrelia-me que a desgraçada
Não sinta o mesmo amor por mim,
Que eu por ela.
Bem,
O amor é então feito de fodas,
Umas mal dadas,
Com desdém e alguma pressa,
Outras doridas,
Com direito a prolongamento.
Ah e dessas, quem não gosta?
E das outras,
Alguém ha-de gostar.
E pronto,
Acabo então o pensamento:
Se o amor é fodido...
...Quem é que devemos foder com ele?
2015
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