Cromo Repetido


 Fecho os olhos e deixo que as memórias me invadam:


Ainda sinto os teus lábios nos meus.


Pequenos beijos sôfregos que me cortam a respiração e me acordam o corpo.


Olho para o lado, e consigo ver-te de novo a acordar...


Oh que sorriso maravilhoso !

Adoraria perder-me nele, se os teus olhos não chamassem por mim e me pedissem atenção!


 É tão bom olhar para ti...


Sentir o toque da tua pele na minha,

As minhas mãos nos teus cabelos,

A minha alma na tua. 


Fechar-me no teu abraço, 

Apaixonar-me lentamente pelo calor que me invade,

Pelo teu cheiro no meu. 


Mas não sou eu, pois não?


Quem te invade a mente. 

Quem te acaricia os sonhos.

Quem te pertence ao coração.


Típico objecto de perdidos e achados,

Sou a dona de uma coleção que não é minha. 


De promessas feitas numa outra vida,

De amores perfeitos suspensos no ar,

De finais felizes para sempre. 


Qual cromo repetido,

Guardo em mim a esperança eterna,

Da utilidade efémera.


Não és meu,

Nem nunca serás. 


Enxugo as lágrimas com um sorriso nos lábios,

Conserto os pedaços que quebrei em mim mesma,

Quando sonhei ter-te comigo.


Não és meu,

Nem nunca serás. 


Esfrego os olhos na tentativa de esquecer a fantasia de uma outra vida,

Uma outra caderneta. 


Não és meu,

Nem nunca serás. 


Porque não és teu para te dares. 

Nem eu sou tua para te receber. 


Não és meu...

Nem nunca serás. 


E aquele pedacinho meu que só encaixa contigo ? 



2025


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