Fotografias


Aquelas velhas fotografias,
Deixam duvidas,
Que nunca vou conseguir decifrar.

Éramos felizes?
O que mudou?

Olho para o teu sorriso,
E questiono-me:
Sorris-te porque estavas ao meu lado,
Ou porque sabias o que ia acontecer,
Depois da fotografia tirada?

Os teus olhos brilhavam,
Porque reflectiam a minha imagem,
Ou porque serviam apenas de espelho ilusório?

Era por amor que o teu coração batia,
Cada vez que nos juntávamos num abraço longo,
Ou porque sentia que a felicidade não ia perdurar?

Sem saber,
Eu era feliz?

Aquele anel,
Que tanto tempo andou no meu dedo,
Que significava afinal?

As lembranças chegam,
Como um rio,
Cujas aguas nunca podem voltar ao inicio.

Éramos nós contra o mundo,
Lembras-te?

Era comigo que sonhavas,
Quando eu acordava,
E dava por mim a observar-te,
No teu sonho mais intimo,
Onde sorrias e me abraçavas?

E nesses abraços,
Era a minha imagem que vias?

Eram os meus lábios que beijavas,
Com sôfrego,
Após dias a viver com a minha ausência?

Era por amor,
Que éramos felizes?

Memorias velhas,
Agora inúteis na tua boca.

E abraço o vazio agora.
E no escuro,
Depois de um pesadelo infundado,
Não é a tua figura que contemplo.

Solidão, parece uma palavra tão pouca,
Tão mesquinha,
Tão…vazia.
Que prefiro não dizer que estou só,
E apenas dizer que já estive acompanhada.

E se os meus olhos se fecham,
Não e a felicidade que vejo,
Não e o amor que sinto,
Mas o molhado,
O salgado,
Daquela agua coberta de magoa,
E cheia de desespero,
Que chamam de lágrimas.

E essas,
Não são deitadas por falta de amor,
Mas por saber que um dia,
Estive ao teu lado.

E agora,
Que partis-te,
Que viste que o teu lugar não era comigo,
A minha cabeça é invadida por dúvidas.

Que tu não queres saber,
Que tu não queres ouvir,
Que te recusas a sentir.

E se um dia,
Fui tua esposa,
Hoje sinto-me como uma sombra na tua vida.

Se tudo fui, agora nada sou.
E porque?
Segundo tu, por nada que importe.
Porque eu já não importo.
Porque eu… já não existo em ti.

E aquele pedacinho teu em mim,
Aquela estrelinha brilhante como me chamavas,
Apagou-se,
Porque caiu do céu.

Bonequinha de trapos,
Rasgada,
Suja,
Inútil.

Que um dia foi a felicidade de alguém,
Hoje é apenas mais um pedaço de culpa,
Jogado no passeio,
Abandonado a qualquer pé,
Que me encontre pelo seu caminho.

Fui o que já não sou,
Sou o que já não posso ser.

Desculpa.

2011

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