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Deixa-te de merdas.
Deixa-te do que poderia ter sido e não foi.
Deveria ter-te dito “Vai-te foder” quando me beijaste. Queria ser mais, valeu-me o menos.
E com todas as palavras que não te disse, ficaram as tuas promessas, as minhas lágrimas.
Deveria ter-me importado menos, zangado mais. Deixar-te sozinho, como tantas vezes me deixaste.
Ter-me rido de ti, e não contigo. Tenho de parar com os “e se”, começar com os “livrei-me de”.
Livrei-me de ti, livrei-me do pretensioso (e falso!) nós, livrei-me de todas as vezes que pensei ser mais do que era, e das que pensei ser menos do que poderia ser.
Não fui eu que não aguentei contigo. Foste tu, que sendo tu, não aguentaste ser tu comigo.
Foste tu, que sendo tu, não soubeste ser mais, sendo sim, mais do mesmo.
Queria odiar-te, culpar-te, humilhar-te, mas nem isso consigo.
Queria dizer-te tudo, sem me comprometer em nada.
Ai como desejava arrancar-te esse sorriso da cara e coloca-lo na minha parede!
Mas não. Não consigo. Odeio gostar de ti, quase tanto quanto gosto da ideia de te odiar.
Queria não desejar o teu olhar, o teu sabor em mim. Queria ser eu contigo, invés de eu sem ti.
E tantas vezes, quantas vezes me são possíveis, eu penso. Porquê?
Só me arrependo de não te ter fodido mais. Ou de não ter gostado mais de te foder, do que de ti.
Perco-me no incontornável masoquismo. E recomeço os “e se”.
Dizes-me: “olá”; Respondo-te: “gosto de ti”. Porra!
E fica pouco do que nunca existiu.

2015

[Campeonato Nacional de Poesia - Jornada III]

   [Avaliado com 39 pontos em 45 possíveis]

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