Supremacia

Podes parar de me torturar?

De entrar nos meus pensamentos e tomar todo o meu tempo como teu?
Impedir-me de ser tua?

Podes cessar esse teu deleite de me tornar escrava do meu desejo por ti?

Quero rasgar de mim esta carência,
Excomungar esta aflição,
Que se entranha na minha pele
E me deixa obcecada por ti.

Ergue-se um culto,
A um semi-deus despido
De mim,
E da minha petulância.

Quero travar este ardor,
Esta ânsia incansável,
De te ter dentro de mim,
De te deixar consumir-me,
De te dar a minha vida num segundo,
E a minha morte no outro.

Morre um pedaço de mim,
Sempre que odeio,
A sensação de não conseguir tirar de mim,
O teu gosto.

Mas que gosto, diz-me tu!
O gosto místico,
De algo eternamente belo,
Qual D. Sebastião da era moderna.

Quero esquecer-me do que fui contigo,
Para me poder esquecer de ti.

Preciso que me digas que não me queres,
Que não precisas de mim,
Que não te sou nada.
Pior!
Que te sou indiferente.

Quero saber,preciso de saber!

Preciso de me esquecer de como é sentir-te tocar na minha alma e fazer-me desistir do mundo.

Por isso,
Podes parar de existir em mim?

Podes parar de invadir os meus Sonhos,
Perseguir-me cada desejo,
Segurar-me cada passo?

Quero esquecer essas palavras que me deixaram louca,
Essa voz que me arrepia até ao mais pequeno recanto do meu ser!

Afinal, que foste tu, senão a perfeita personificação de todas as minhas vontades?!

Por isso, pára!

Pára de me exigir o que não me queres dar!
Não me deixes adorar alguém que não existe mais,
Não me deixes entregar a alguém que não me deseja mais.

Não me deixes humilhar por quem não me vê mais...

Deixa-me sozinha,
Diz-me de uma vez que não me queres,
Que não existo no teu mundo, e sai do meu!

Merda, como te adoro, meu deus!

Ou então...

Deita-te comigo,
Abraça-me e não me deixes mais.

Porque não tenho nada a perder,
Quando já encontrei tudo em ti.

2018