B(e)

Quero que saibas que eu não te quero foder só porque sim.
Só porque sim não existe: o que existe é uma vontade de estar, de sentir, de viver.
Porque sim, sim. Mas porque não, não?
Não que tenha pretensões de te ter, mas quero devorar-te.
A cada meio sorriso que me lanças, parte de ti morre em mim.
E eu quero-te vivo: vivo o suficiente para que possas morrer mais um bocado.
E é isso que fazes, a cada meio tempo que me dedicas.
Não te peço nada: só quero tudo. E quando digo "só", é mesmo  - só isso.
Quero foder-te. Mas não só porque sim:
Se te dissesse que queria fazer amor contigo, irias questionar-te se te amo.
Mas aí seria estúpido, não?
Não: quero foder-te.
Quero fazer contigo coisas que nem a minha imaginação ousa confessar à minha mente.
Quero sentir-te dentro de mim, não só porque me estarás a foder,
Mas porque as nossas mentes estarão encaixadas.
Quero devorar cada pedaço disso, e ficar com fome.
Quero sentir a tua pele na minha e não esperar pelo beijo;
Quero olhar-te e sorrir: não porque me estas a dar prazer, mas porque serás um idiota se não o fizeres.
Não, não te amo,
Tampouco me creio apaixonada por ti.
Mas amo quando nos fodemos,
Quando nos permitimos a amar sem amor,
Quando isso se torna tão simples na sua inexistência que se torna real a cada toque, a cada cheiro, a cada som...
Não, quero mesmo foder-te.
A ti, todo a ti, e a cada parte de ti.
Mas principalmente, quero foder-te a mente.
Quero penetrar nessas ideias,
Fazer gemer esses pensamentos,
Violar cada desejo, cada emoção, cada traço de inocência escondida.
Oh o orgasmo desesperado de quem está há tanto tempo à espera!
Não quero que te entregues, mas preciso que te deixes levar.
Não quero que me queiras sempre, mas preciso que me queiras de vez em quando.
Não quero que me fujas, mas preciso que nem sempre estejas aqui.
Oh mente irresoluta!
Quero-te por inteiro,
Mas feito em pedaços.
Quero desejar-te tanto, quanto desejo a ideia de te querer.
Quero-te bom quando és muito bom,
E quero-te ainda melhor quando és mau.
E não te quero já:
Quero ir-te querendo.
Hoje, amanhã, depois de amanhã
Quero que o inicio seja o fim e o fim o inicio.
Credo, soa-te tão estranho quanto me parece?
Ainda bem, porque quero-te estranho, normal, mau, bom, em pedaços e por inteiro.

Mas não agora. Não hoje, não amanhã, não depois de amanhã: quero foder-te quando não quiseres, e mais um pouco quando me pedires.

A puta da santa!

Não: promete-me que me fodes, que me violas com amor, aquele - pois!- que não existe,
Mas que queres, sem quereres.

Pensas que não te vejo?
Que não te sei?
Que não te conheço a alma?

Então porque raio pensas que te quero foder?!?

Quero que saibas que sei.
E claro, quero que saibas que sim, que irei sem ti, ter contigo.

Por tudo isto e mais um par de botas,
Porra, sim, quero fazer amor contigo!

2016



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