Ah, palavras!



Façam com as palavras aquilo que quiserem, desfaçam-nas:
Deformem-nas, desmanchem-nas, desfigurem-nas!
Expulsem-nas de si (mas não de nós),
Exorcizem qualquer importância que lhes dão!
Deixem-nas saber como é estar partido, sem sentido, sem significado (Ah, essa dor que nos corrói)!
Esmaguem-nas, cortem-nas aos pedaços, amassem-nas!
Nada magoa mais do que palavras,
Como aquelas que nunca saem da nossa mente,
Especialmente aquelas que (não?) saem da boca dos outros!
Mas não as calem: aterrorizem-nas, torturem-nas, sim!
Mas não as calem (a ausência de palavras é um ataque à imortalidade)!
Não as privem de nós, não nos privem delas.
O que seríamos nós sem dor, mágoa ou crueldade?
O que seríamos nós sem amor, compaixão e humanidade?
Quebrem-nas sim, deixem-nas incapacitadas, mostrem-lhes como doí ser humano!
Como dói usá-las e ser usado por elas!
Mas não as matem não…
Porque sem palavras, nada somos, nada é, nada pode ser (somos livres sendo prisioneiros).
Desfaçam as palavras, façam-nas em pedacinhos, deixem-nas pequenas, sim!
Deixem-nas ser humanas por uns momentos!

 2015

[Campeonato Nacional de Poesia - Jornada VIII]

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