Apego




Fechas-me a alma
Num encosto profundo
Da mágoa que me assombra.

Ergo os olhos aos céus
Numa prece silenciosa
Que exige de mim
Mais forças que as
Que o meu corpo
Pode dar.

Enxergo agora
Esta dor que me corroi
Esta raiva que me consome
E me deixa sem ar,
Sem forças.

Os meus joelhos quebram
Perante a minha falta de vontade
Dando vassalagem ao teu desdém.

Diz-me que não
Berra-me com os olhos
Mata-me com a mente
Mas afasta!

Afasta de mim a angústia
Que não me deixa sorrir
Que não me deixa ver além
Que me corroi o pensamento.

Sai de mim
E leva contigo
A vontade,
A raiva,
Os ciúmes,
A loucura que me assola!

Sai daqui!
Foge!
Corre!
Sai!

Vacilam-me as palavras,
Quando encontram sentido nas tuas
E perde-se a consciência
Do mal que aí vem!

Espero, desespero
Aprendo, desaprendo.
Quero desconhecer-te.

Sai!
2015

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