Ipso Facto




Eis que me encontro acordada,
Com pensamentos impúberes,
De moleca apaixonada.

Magoada também, sim.
Não por actos físicos,
Não por palavras,
Não por pensamentos,
Não por pessoas,
Mas por saudades.

Dos tempos que foram,
E que não podem voltar.
Dos tempos que são,
E que vivem na sombra dos do passado.

Querias saber,
E eu contei-te.
Nada que já não soubesses,
Mas fui eu que te contei.

E que mudou?
Que importância tem,
O que eu quero,
O que eu sinto,
Quando a vida não é minha,
Para por mim ser tomada?

Se me odeias,
Se me amas,
Que importa tudo isso?

E todas as histórias que passaram por nós,
E as que de nós fizeram protagonistas,
Que te contam agora?
Alguma fada perdida para ti?
Algum príncipe amável para mim?

Todos os corações que coleccionamos,
Que são eles ao lados dos nossos?
Que são eles na nossa memória?

E nós?
Quanto tempo perdemos,
À procura do que já tínhamos encontrado?

Coleccionamos vidas numa algibeira,
Que alheia aos sonhos,
Deixa cair em rota margem,
Uns pedaços mal esculpidos de pessoas.

Quero-te para mim?
Queres-me para ti?

Essa máquina deixou de conseguir
Receber os trocos do amor,
Em troca de um amizade
Que em nada nos abençoou.

Mas eis-me aqui sentada,
Sem criatividade para melhor historia,
Do que a de um amor impossível
Que vence obstáculos
Mas não vence o prémio final.

Queres amar-me de novo?

2013

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