Mapas



São sentimentos passados,
de situações futuras,
de caminhos presentes,
traçados ao desvario.

São sorrisos largos,
que escondem lágrimas tardias,
que sustentam vidas por um fio.

São beijos no escuro,
poemas do futuro,
que pendem por aqui,
e por ali.

Uma multidão abstracta:
simbólica na visão de quem a vê.
Os escolhidos.

Culpam os concisos,
a guerra dos indecisos,
nos olhares dos que apenas ouvem.

Não passes por mim sem me falar!
Não passes por mim então.

Esconde o rosto na vergonha,
da compaixão perdida,
na força do egoísmo.

E eu?

Eu nada sou,
mais do que já sou.

E tu?

Nada és,
mais do que já foste.

São palavras que não te digo.
Frases que não te oiço.
Gestos que não me fazes.

Mas o caminho é longo ao teu lado.
E tortuoso!
Mas eu odeio atalhos.

Telhados de vidro,
sinto-os aos meus pés,
enquanto passeio contigo.

Por aqui e por ali,
uns buracos mais á frente,
uma subida de repente.

Que queres tu de mim?
Acompanho-te no teu caminho.
E o meu?

Não sei onde começa,
estava demasiado ocupada a indicar-te o teu.

Perdi-me.
Não, não quero a tua ajuda.
Iria perder-me de novo, a pensar em ti.

Deixa-me sozinha,
caminha sozinho.

Afinal,
sempre foi assim que caminhaste.
Sempre foi assim que caminhei.

Desta vez,
caminhamos juntos, mas nem por isso a solidão foi embora.

Então vou eu.

Pior do que a solidão sozinha,
é a solidão acompanhada.

Os telhados desapareceram.
Adeus,
o meu atalho está já aqui.

Eu caminho sozinha.

2013


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